terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Plano Nacional de Leitura

Luísa Ducla Soares

— Comecei a sentir-me envolvida no universo dos mais novos na adolescência. Tinha um irmão dez anos mais novo que eu que detestava todos os livros que lhe davam. Comecei a inventar histórias para ele, feitas à medida do seu gosto, das suas vivências, da sua personalidade. Muitos escritores de literatura infantil dirigem-se à criança que foram ou à criança que idealizam. Eu comecei por me dirigir a uma bem real, contestatária, sempre pronta a criticar aquilo com que não concordava ou que a não satisfazia. Acho que essa minha experiência ( que durou anos ) me obrigou a viver, em grande intimidade, o universo de uma criança.Fiz depois um interregno, que só foi quebrado com o nascimento dos meus filhos. Então, novamente, foi o contacto directo com os mais novos que me levou a escrever para eles. A criança não existe, existem tantas crianças, todas diferentes e descobrir o mundo delas é algo que me fascina.Trabalho numa biblioteca onde é proibida a entrada a menores de dezoito anos, ocupo-me todo o dia de assuntos livrescos e eruditos. Quando saio, à tardinha, sinto o apelo do que é simples e natural. Da espontaneidade. Das crianças.

Luísa Ducla Soares






















Era uma vez um rapaz chamado Tiago que adorava televisão e vivia agarrado ao pequeno écran. Nos tempos livres nunca saía de casa porque só queria ver os programas que davam na televisão.
Até que um dia a tv avariou e o rapaz ficou desesperado. Não sabia o que fazer. Não sabia brincar com os animais e nem sabia ler. Depois de alguns disparates feitos em casa, com medo da mãe, saiu para a rua a correr.
Quase que era atropelado, pela carrinha da televisão. O rapaz ficou encantado ao ver a carrinha e disse ao homem que adorava viver dentro da televisão. Este convidou-o para fazer um anúncio ao pudim Perlimpimpim. O rapaz ficou fascinado pelo convite.
O rapaz aceitou o convite e foi, cheio de alegria, para o estúdio fazer a publicidade ao pudim. Lá vestiu-se a rigor, e juntamente com outros personagens começaram a filmar. Só que o pudim sabia a sabão e cheirava a cócó de cão e teve de repetir a cena 6 vezes. Até que ficou farto de estar no estúdio a filmar. Estava mesmo muito angustiado e no fim vomitou o pudim todo. Com a cabeça a andar à roda, correu para sua casa.
Em casa, a mãe disse que não lhe aquecia a comida, mas que lhe dava uma sobremesa nova e que já tinha a televisão. O Tiago que gostava de coisas doces ficou sentado em frente ao pequeno écran, à espera que a mãe lhe trouxesse a guloseima. Para seu espanto a mãe apareceu-lhe com o pudim perlimpimpim. Desanimado, espantado e furioso, desapareceu para a rua. Antes que os pais lhe perguntassem o que se passava com eleEm casa, a mãe disse que não lhe aquecia a comida, mas que lhe dava uma sobremesa nova e que já tinha a televisão. O Tiago que gostava de coisas doces ficou sentado em frente ao pequeno écran, à espera que a mãe lhe trouxesse a guloseima. Para seu espanto a mãe apareceu-lhe com o pudim perlimpimpim. Desanimado, espantado e furioso, desapareceu para a rua. Antes que os pais lhe perguntassem o que se passava com ele.
Na rua foi andando sem destino . Ao comprar no café umas pastilhas elásticas, uma menina o reconheceu. E disse-lhe que ele vivia na televisão. O Tiago ficou revoltado e disse que não era verdade. Para o provar, sentou-se no jardim a ver as estrelas.
A partir desse dia, o Tiago começou a brincar com os amigos, sair com os vizinhos e com os pais, fazer festas aos animais…. Passou a conhecer o mundo real e não o da fantasia e da ilusão.
Trabalho colectivo

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